
A saída do apego não é o desapego. É a presença.
foto: Luma Torres (@lumactorres)
Temos percebido muita gente falando sobre desapego com orgulho. Além do quão esquivo isso seja na prática, esse tal desapego tem sido usado como muralha para relações íntimas. Qualquer expressão de afeto parece ser tola e a reação moderna é ser cínico. Parece ridículo ter expectativas, fantasiar, esperar por alguém. Ser esperto é não confiar.
Isso gera um sentimento devastador de solidão secreta. E ainda parece valer a pena repassar a imagem de "veja como sou livre" nas redes sociais e conversas de balada, quando no escurinho do quarto se chora pela ausência de vínculos.
Essa indiferença performada não engana por muito tempo, logo aparece no corpo: automutilação, crises de ansiedade, vontade de não existir, uma série de doenças cuja verdadeira causa é falta de confiança.
A saída do apego é a presença.
Ir pra dentro das relações, da vida, como quem tem algo a descobrir e amar. De vez em quando vai doer. Apego também dói. Mas se sentir importante pra alguém, importante para tribo, peça essencial para o universo gera mais do que dor, compromisso, risco: gera o calor de existir.